Intestino delgado

O intestino delgado é o órgão mais longo do trato digestivo. Ele representa 75% da extensão do tubo digestivo e apresenta várias funções fisiológicas. Entre elas está a absorção de nutrientes, eletrólitos e vitaminas. Além disso, conduz a água presente no trato digestivo para absorção no intestino grosso e apresenta um sistema imunológico ativo, nos protegendo dos patógenos presentes no tubo digestivo.

Por sua raridade, não há dados oficiais sobre a incidência do câncer de intestino delgado no Brasil. Nos EUA, esse tipo de tumor representa menos de 5% de todos os tumores do trato digestivo e cerca de 0,6% de todos os tumores malignos. Lá, a estimativa é que a incidência anual seja de 2,1 casos para cada 100 mil habitantes.

Diferentes tipos de tumores podem ocorrer no intestino delgado. Há até pouco tempo, o Adenocarcinoma (tumor de origem epitelial) era considerado a variante mais comum nesse sítio tumoral.

Além desses dois, outras neoplasias que ocorrem no intestino delgado são os sarcomas e os linfomas.

O intestino delgado é dividido anatomicamente em três partes: o duodeno, parte mais próxima que faz relação com o pâncreas, o jejuno e o íleo.

A maioria dos tumores do intestino delgado ocorre na região do duodeno.

Os sintomas iniciais do câncer de intestino delgado podem ser inespecíficos e, por conta disso, muitas pessoas demoram a procurar um especialista. Esses sintomas dependem fundamentalmente do tipo e da localização do tumor. Em fases mais avançadas da doença, a perda de peso, dor no peito, tosse e sangramento podem ocorrer. Mas, em geral, os sinais são estes: Anemia Vômito e náusea Colúria (urina escura, como Coca-Cola) Fadiga Perda de apetite Icterícia (amarelão) Sangramento digestivo Distensão abdominal não usual Perda de peso Dor abdominal

FATORES DE RISCO

Algumas questões aumentam o risco de desenvolver câncer, mas isso não quer dizer que necessariamente a pessoa vai ter câncer de intestino delgado. Idade: a maior parte dos casos ocorre após os 60 anos de idade Doenças inflamatórias do trato digestivo (Doença Celíaca e Doença de Crohn): a inflamação crônica associada a elas aumenta o risco da doença Síndromes genéticas: algumas síndromes hereditárias de predisposição ao câncer, como a Síndrome de Lynch, a Polipose Adenomatosa Familial, a Síndrome de Peutz-Jeghers e a Síndrome de Polipose associada ao MUTYH estão ligadas a um maior risco de desenvolver o Adenocarcinoma de intestino delgado Álcool: o consumo excessivo também integra a lista de fatores de risco Obesidade: o excesso de peso pode aumentar o risco da doença
Para lesões mais proximais, como as que ocorrem no duodeno, a endoscopia digestiva alta é uma ferramenta fundamental. Nesse procedimento, uma câmera acoplada a um tubo flexível é introduzida pela boca e permite visualizar a lesão e retirar amostras para biópsia. Em outras localizações, o exame de imagem do abdome traz mais informações. Frequentemente, é necessário complementar a investigação com exames mais sofisticados, como uma tomografia computadorizada ou uma ressonância magnética. Em casos mais desafiadores, pode ser necessária a realização de outros tipos de exames, como cápsula endoscópica e a cintilografia por emissão de pósitrons (PET-CT).

ESTADIAMENTO

O estadiamento é uma forma de classificar a extensão do tumor e se, ou quanto, ele afetou os gânglios linfáticos ou outros órgãos. Para isso, é usada uma combinação de letras e números: T de tumor, N, de nódulos (ou gânglios linfáticos) e M de metástase e números que vão de 0 (sem tumor, gânglios afetados ou metástase) a 4, esse último indicando maior acometimento.
O objetivo do tratamento com intuito curativo do câncer de intestino delgado é a ressecção completa do tumor por meio da cirurgia. Para pacientes não candidatos ao procedimento cirúrgico, a combinação de quimioterapia e radioterapia (especialmente para aqueles com tumores localizados no duodeno) ou quimioterapia isoladamente podem ser utilizadas.

CIRURGIA

Para pacientes com tumores precoces, o tratamento cirúrgico é considerado a estratégia mais adequada. No A.C.Camargo Cancer Center, esse procedimento pode ser feito por cirurgia robótica, que é mais precisa e permite que o paciente se recupere e tenha alta em menos tempo, por laparoscopia ou ainda por cirurgia convencional aberta. Se o estômago todo precisar ser removido, durante a cirurgia é feita uma conexão do esôfago com o intestino delgado, para que o paciente possa se alimentar. Para se adaptar a essa nova situação, o principal é fracionar a alimentação em várias vezes e pequenas quantidades de cada vez. Também pode ser necessário ingerir suplementos de vitaminas.

QUIMIOTERAPIA E TERAPIA-ALVO

Para aqueles pacientes com tumores do tipo Adenocarcinoma, quando os tumores envolvem os gânglios próximos à parede do intestino delgado, o tratamento adjuvante (pós-operatório) com quimioterapia deve ser considerado. Para pacientes com tumores neuroendócrinos, após a cirurgia, em geral não é feita nenhuma forma de tratamento complementar. No caso de tumores mais avançados, com metástases, o tratamento, tanto do Adenocarcinoma quanto para os tumores neuroendócrinos, é sistêmico. No caso do Adenocarcinoma, a base do tratamento é a quimioterapia, enquanto nos casos de tumores neuroendócrinos, podem ser utilizadas bloqueadores hormonais (análogos de somatostatina), medicações via oral (como o Everolimo), além de quimioterapia em casos selecionados.