Esôfago

O esôfago é um órgão em forma de tubo que leva o alimento desde a garganta até o abdome, onde se encontra com o estômago. De acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), em 2018, 10.790 brasileiros serão diagnosticados com câncer de esôfago, dos quais 8.240 são homens e 2.550, mulheres.

O revestimento do esôfago tem várias camadas, e o câncer desse órgão começa nas células do revestimento interno, cresce para dentro do canal do esôfago e dali para as suas paredes. O esôfago tem dois esfíncteres, um em cada extremidade. O de cima deixa que alimentos e líquidos entrem no esôfago e o inferior permite não só que ambos entrem no estômago, mas também impede que o suco gástrico, a solução de ácido clorídrico e as enzimas do estômago, volte para o esôfago, causando azia e indigestão. Essa é a doença do refluxo que, com o tempo, faz com que as células da parte inferior do esôfago sejam substituídas por células parecidas com as do revestimento do intestino. Essa condição é chamada de esôfago de Barrett e é considerada uma lesão pré-maligna, que precisa ser acompanhada por médico.

O câncer de esôfago não costuma apresentar sintomas nos estágios iniciais, mas alguns sintomas são: indigestão e azia; dificuldade ou dor ao engolir; dor, pressão ou queimação na garganta ou no peito; perda de peso e de apetite; fezes escuras; vômitos; anemia; rouquidão; soluços persistentes; tosse crônica.

FATORES DE RISCO

Alguns fatores aumentam o risco de desenvolver câncer, mas isso não quer dizer que necessariamente você vai ter câncer de esôfago. Refluxo e esôfago de Barrett: são os principais fatores de risco e aparecem em metade dos casos de câncer de esôfago. Fumo: aumenta o risco tanto do adenocarcinoma como do carcinoma de células escamosas. Álcool: o consumo excessivo também integra a lista de fatores de risco, principalmente associado ao fumo. Idade: a maioria dos casos ocorre em pessoas com mais de 55 anos. Sexo: a incidência é três vezes maior em homens do que em mulheres. Histórico de outros carcinomas de células escamosas associados ao fumo, como boca, garganta e pulmões.
O exame que confirma ou descarta o diagnóstico de câncer de esôfago é a biopsia, feita por endoscopia guiada por ultrassom ou tomografia, quando é retirada uma amostra de tecido que é enviada para análise pelo patologista. Além disso, o médico pode pedir tomografia de tórax e abdome, broncoscopia. PET-CT e ecoendoscopia para avaliar o estágio do tumor, sua disseminação e sua profundidade. Esses exames podem ser repetidos ao longo do tratamento, para verificar como está progredindo.

ESTADIAMENTO

O estadiamento é uma forma de classificar a extensão do tumor e se ou quanto ele afetou os gânglios linfáticos ou outros órgãos. Para isso é usada uma combinação de letras e números: T de tumor, N, de nódulos (ou gânglios linfáticos) e M de metástase e números que vão de 0 (sem tumor, ou sem gânglios afetados ou sem metástase) a 4, este último indicando maior acometimento.
O tratamento do câncer de esôfago começa pela cirurgia para remoção do órgão com margem de segurança e retirada dos gânglios linfáticos ao redor do esôfago e do estômago. É importante que o procedimento seja feito por cirurgiões especializados em operar câncer e em cirurgias de alta complexidade. Hoje em dia, esse procedimento é realizado por laparoscopia ou por cirurgia robótica, que torna todo o processo mais preciso, acelerando também a recuperação e a alta hospitalar. Atualmente, a cirurgia aberta raras vezes é realizada, mas ainda pode ser necessária nos casos de tumores grandes. Quando o tumor é pequeno e atingiu apenas a superfície do esôfago, sem invadi-lo, é possível removê-lo por meio de endoscopia, um procedimento minimamente invasivo, em que o câncer recebe uma solução salina, uma bolha se forma sob ele que é, então, retirado por sucção. Alguns tumores podem ser retirados usando-se eletrocoagulação. Alguns procedimentos cirúrgicos são usados também para dar mais conforto ao paciente, como a colocação de stents para a abertura de áreas obstruídas do esôfago, permitindo que o paciente se alimente com mais facilidade. A cirurgia pode ser associada à radioterapia e à quimioterapia, antes ou após a cirurgia, principalmente quando o tumor for grande e houver risco de sua disseminação. Essas opções de tratamento também podem ser empregadas sem cirurgia em casos especiais ou, ainda, para alívio dos sintomas.