Desmoide

Existem vários tumores do tecido conjuntivo e eles podem ser benignos ou malignos. Os malignos são chamados sarcomas. O tumor desmoide é um tumor benigno, mas localmente agressivo, isto é, que invade órgãos ou tecidos vizinhos. Usualmente ele não dá metástases, mas, pelo fato de ser agressivo, pode trazer uma série de problemas ao paciente ao longo do tempo. Além disso, ele tende a ser um tumor recorrente, isto é, que volta após o tratamento.

Esse tumor foi descrito inicialmente na parede abdominal de mulheres após a gravidez e pode aparecer na cicatriz de cirurgias abdominais. Sabe-se hoje que pode acometer qualquer músculo esquelético em qualquer parte do corpo. Frequentemente, ele atinge membros superiores, inferiores, parede abdominal e retroperitônio, infiltra-se na musculatura próxima, causando sua degeneração.

O tumor desmoide não costuma apresentar sintomas. Quando isso acontece, o mais comum é a dor.

FATORES DE RISCO

Vale lembrar que fatores de risco aumentam a possibilidade de desenvolver câncer, mas não querem dizer que a pessoa exposta a esses fatores vai obrigatoriamente ter câncer. Polipose Adenomatosa Familiar (FAP): o tumor desmoide é uma doença que frequentemente está associada à polipose adenomatosa familiar, uma doença genética, caracterizada por vários pólipos no intestino e que em geral resulta em câncer do intestino grosso. Por isso, portadores de tumor desmoide devem ser submetidos à colonoscopia, principalmente em casos nos quais a doença está localizada no retroperitônio. Sexo: o tumor desmoide é mais comum em mulheres no pós-parto e a incidência é duas vezes maior em mulheres do que em homens. Idade: esse tipo de tumor é mais comum na faixa dos 10 aos 40 anos, mas pode acometer crianças mais novas e pessoas de mais idade.
Muitas vezes esse tumor pode ser detectado em exame clínico, por meio de apalpação. A suspeita pode ser confirmada através de exames por imagem, como tomografia computadorizada e ressonância magnética, que também são usadas no acompanhamento do tratamento. Como muitos desses pacientes podem ter polipose adenomatosa familial e síndrome de Gardner, um transtorno genético caracterizado pela presença de múltiplos pólipos intestinais e de tumores fora do cólon, uma colonoscopia também pode fazer parte da lista de exames. O diagnóstico definitivo é dado pela biópsia, que pode ser biópsia por aspiração por agulha fina (BAAF).
As principais formas de tratamento são: cirurgia, radioterapia, inibidor hormonal, anti-inflamatórios não hormonais e até mesmo quimioterapia. O primeiro passo antes de tratar esse tumor é traçar seu perfil biológico, ou seja, fazer um estudo de imuno-histoquímica para ver a expressão de estrógeno receptor de progesterona do gene cKIT e também de beta-catenina. Dependendo desse resultado, alguns medicamentos podem ser usados com bom resultado. A cirurgia, que no passado foi largamente empregada, hoje ainda tem um papel importante, mas precisa ser usada criteriosamente. O primeiro passo antes de operar o paciente com fibromatose agressiva é definir se a doença é de localização favorável ou desfavorável. Localização favorável é aquela em que o tumor pode ser removido com ampla margem de segurança, ou seja, retirando-se no mínimo 2 cm a 3 cm de tecido saudável em torno dele. Isso é importante porque recentemente demonstrou-se que todas as vezes que o tumor é retirado sem essa margem (muito próximo a ele), a cirurgia estimula seu crescimento, ou seja, sua recidiva. Infelizmente, boa parte desses tumores são de localização desfavorável. Assim, nem sempre a cirurgia é a melhor forma de tratamento. Daí a importância do perfil biológico e de estudar as outras modalidades terapêuticas. Trabalhos recentes têm mostrado boas respostas à radioterapia com taxas de sucesso de até 50%. Nesses casos, é importante saber que o resultado da radioterapia não deve ser avaliado logo após o tratamento, e sim de 3 a 6 meses após o término desta.